'Quer a Lua? Eu te dou!': Em 2002, Thad Roberts causou grande alvoroço dentro da NASA por roubar rochas lunares das missões Apollo para agradar à namorada
Publicado em 18/05/2025, às 15h00
No dia 18 de maio de 1969, há exatos 56 anos, a NASA lançou a missão Apollo 10, conhecida por ser a segunda missão tripulada a orbitar a Lua, e um ensaio geral para a famosa Apollo 11, o primeiro pouso de fato na Lua, que levou Neil Armstrong e Buzz Aldrin a serem os primeiros humanos a pisar no satélite natural, em julho do mesmo ano.
O Programa Apollo, vale mencionar, constitui um conjunto de missões espaciais da NASA cujo principal objetivo é colocar o homem na Lua. Para isso, já foram enviadas 17 missões Apollo, tendo a última ocorrido em 1972 — e, nessas expedições, vários homens já pisaram na Lua e até mesmo coletaram fragmentos de rochas lunares.
E se uma frase comum entre casais para demonstrar o carinho é "eu poderia te dar até a Lua", em 2002, um estagiário da NASA levou isso muito ao pé da letra. Thad Roberts tinha apenas 25 anos, quando prometeu — e cumpriu — que entregaria a Lua à sua namorada. Entenda!
Em 2002, Thad Roberts, na época um estagiário do Centro Espacial Johnson da NASA, teve a ideia de convocar sua namorada, Tiffany Fowler, e Shae Saur — ambas também estagiárias da NASA —, para ajudá-lo com uma empreitada complexa. Ele pretendia invadir o Centro Espacial Johnson e roubar 17 libras — mais de 7 quilos — de rochas lunares coletadas em missões Apollo.
O trio então usou suas identidades da NASA para entrar no centro espacial, após o expediente, e surpreendentemente conseguiram fugir, levando consigo um cofre de mais de 270 quilos, contendo rochas lunares avaliadas em até US$ 21 milhões.
Porém, o que se seguiu pode ser ainda mais surpreendente: imediatamente após o assalto, Roberts e Fowler foram para a casa do rapaz, espalharam as pedras lunares pela cama e, ainda por cima, fizeram sexo em cima delas.
Na época, o desaparecimento das rochas lunares levaram a uma caçada internacional, especialmente depois que o grupo tentou vender as amostras roubadas online. Roberts e seus cúmplices listaram as rochas por valores entre US$ 2.000 e US$ 8.000 por grama, no site Clube de Mineralogia de Antuérpia, na Bélgica.
Não demorou até que um colecionador de pedras belga visse o anúncio e, como obviamente aquilo não podia ser legal, contatou o FBI, que elaborou um plano para capturar os ladrões, conforme repercute o Daily Mail.
Para isso, os agentes fizeram com que o colecionador enviasse um e-mail demonstrando interesse na compra. Vale mencionar que os responsáveis pelo roubo vendiam sob o pseudônimo "Orb Robinson", e nessa etapa da venda online já contavam com um quarto cúmplice, Gordon McWhorter.
"Entre em contato com meu irmão e minha cunhada na Pensilvânia para marcarmos um encontro", escreveu o colecionador belga em mensagem. O que os criminosos não imaginavam é que esses supostos parentes americanos seriam, na verdade, agentes disfarçados do FBI.
As partes combinaram de se encontrar finalmente em um restaurante italiano em Orlando, na Flórida, no dia 20 de julho de 2002. Inclusive, quando Roberts, McWhorter e Fowler chegaram no local, Roberts afirmou, em tom de brincadeira, "só espero que vocês não tenham uma escuta" — o que, ironicamente, foi registrado na escuta da agente do FBI Lynn Billings.
Porém, mesmo que a venda ainda parecesse suspeita, Roberts e seus cúmplices levaram Billings e seu parceiro para um quarto de hotel, onde guardavam as rochas lunares roubadas. Logo que elas foram apresentadas, os agentes prenderam o trio.
Ainda segundo o Daily Mail, Saur foi presa em Houston, no Texas, justamente onde, mais tarde naquele mesmo dia, seria celebrado o 33º aniversário do pouso da Apollo 11 na Lua. Após a prisão, o trio se declarou culpado de conspiração para cometer roubo e transporte interestadual de propriedade roubada.
No dia 29 de outubro de 2003, Roberts ainda foi condenado a mais de oito anos de prisão, sendo o líder do roubo das rochas lunares, e também por roubar ossos de dinossauro de um museu em Utah — que foram descobertos depois de o FBI realizar uma busca em sua casa.
Fowler e Saur, por sua vez, foram condenadas apenas a 180 dias de prisão domiciliar, além de 150 horas de serviço comunitário; o quarto cúmplice, McWhorter, recebeu seis anos de prisão.
As rochas que Roberts e seu grupo roubaram — e também contaminaram, eventualmente — tornaram-se cientificamente inúteis para pesquisas, além de que o trio de estagiários destruiu cerca de três décadas de notas de pesquisa manuscritas de um cientista, que também estavam trancadas no cofre.
No início de 2008, Roberts foi finalmente libertado da prisão, e desde então dedicou-se em ser físico teórico, filósofo da física e autor. Em 2011, quando questionado em entrevista à NBC News como era ter as rochas roubadas em sua posse, ele disse: "eu, como muitos outros, fico maravilhado quando reflito sobre como essas rochas demonstram o potencial ilimitado da humanidade".
Mas esse assombro não reside nessas rochas", continuou.
"Ele pertence a todos nós. Por experiência própria, posso dizer que existem maneiras mais apropriadas e produtivas de encarar nossa magnífica insignificância do que roubar um pedaço da Lua. Faça o que fizer, não repita meus erros".
