Mulher teria falecido 35 — ou mesmo 42 anos, conforme alguns especulam — antes que seu corpo fosse encontrado em seu apartamento
Durante mais de três décadas, o pequeno apartamento de Hedviga Golik, no centro de Zagreb, capital e maior cidade da Croácia, permaneceu intocado. Enquanto governos se revezavam, guerras começavam e terminavam, e os vizinhos seguiam com suas vidas, criando filhos e netos, Golik permaneceu esquecida. Seu corpo mumificado só foi descoberto em 2008, pelo menos 35 anos após sua morte.
A descoberta ocorreu quando moradores do prédio decidiram invadir o imóvel, há muito curiosos para saber se alguém vivia na propriedade. Para surpresa de todos, encontraram os restos mortais de uma mulher de meia-idade deitada em sua cama. O caso era estarrecedor e a polícia foi imediatamente chamada.
Hedviga Golik era uma ex-enfermeira, conforme analisaram as autoridades. Contudo, não havia qualquer registro oficial de seu desaparecimento e nenhum parente se apresentou após a notícia da descoberta. Segundo os vizinhos, ela teria falado sobre mudar-se para o exterior, o que talvez explique o porquê de ninguém ter sentido sua ausência.
Especialistas forenses estimam que a mulher tenha morrido por volta de 1973, quando um vizinho a teria visto pela última vez, embora haja especulações de que a morte possa ter ocorrido ainda antes, em 1966. A linha do tempo exata jamais foi confirmada.
Davor Strinović, do Instituto Médico Legal, afirmou que a causa da morte provavelmente foi natural, mas ressaltou que, após tantos anos, é praticamente impossível confirmar com precisão. Ele também destacou a estranheza do fato de ninguém ter percebido qualquer odor vindo do apartamento.
Uma possível explicação apontada pela agência de notícias croata Jutarnji seria o ambiente: janelas abertas e a estação do ano — aqui destacamos o inverno — poderiam ter atenuado os efeitos do processo de decomposição. Além disso, cadáveres tendem a emitir odor apenas por algumas semanas ou meses, antes de mumificarem.
O caso, considerado bizarro, gerou comoção e levantou um debate na sociedade croata. Afinal, como pode uma pessoa desaparecer dentro da própria casa sem que ninguém perceba por décadas?
Jornais locais trataram o episódio como um reflexo da crescente alienação urbana. A jornalista Merita Arslani, em um apelo quase irônico, escreveu, segundo a Fox News: "Meus queridos vizinhos! Por favor, continuem sendo curiosos e um pouco cansativos, como têm sido até agora."
Apesar do choque inicial, a descoberta logo gerou uma disputa pela posse do imóvel. Como os apartamentos eram estatais na época da morte de Golik, a propriedade tornou-se motivo de conflito entre os demais moradores.
