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Mundialmente conhecido pelas pautas progressistas de seu governo no Uruguai, Pepe Mujica faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos
Quando chegou à presidência do Uruguai, em 2010, José Alberto Mujica, que faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos, trouxe uma transformação considerada progressista ao país.
O casamento entre pessoas do mesmo gênero e o aborto foram aprovados, a maconha ou a ser regulamentada e vendida em farmácias e os direitos trabalhistas foram mais respeitados que nunca.
Conhecido por sua simplicidade, Mujica morava em uma chácara humilde na periferia de Montevidéu, era dono de um Fusca modelo 1982 e doava cerca de 90% do seu salário para organizações não governamentais (ONGs).
Mujica, que desde o ano ado enfrentava o câncer de esôfago, anunciou em janeiro que a doença havia se espalhado por seu corpo. "Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso", declarou na época.
Há mais de duas décadas, Pepe Mujica sofria com uma doença imunológica que afeta seus rins e outras partes do corpo. O quadro vinha gerando complicações em seu tratamento. Relembre sua trajetória!
Nascido na capital uruguaia, no dia 21 de maio de 1935, Mujica era filho de Demetrio Mujica e Lucy Cordano. Seu pai era um pequeno agricultor da região e morreu quando ele ainda era criança. A relação com a terra, no entanto, marcou profundamente a vida do futuro presidente, que se tornou florista — profissão que exerceu durante toda sua trajetória.
Mas foi nos anos 1960 que começou a se envolver com política, juntando-se à guerrilha Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLNT). Inspirado na Revolução Cubana, que foi consumada em 1959, quase na mesma época, o grupo utilizou da força armada para exercer diversas ações no país.
Além de visarem o fim político da radicalidade cubana, apostavam nas guerrilhas e no uso de armas para conseguirem uma transformação política do Uruguai. Assaltos, sequestros e assassinatos faziam parte da conduta do grupo, que reunia, principalmente, socialistas, maoistas e anarquistas.
Realizando diversos assaltos, a maioria do dinheiro era destinada ao financiamento da organização e à distribuição de mantimentos entre os mais pobres das periferias urbana e rural da capital uruguaia. Durante muitos anos, os Tupamaros exerceram uma enorme influência na região — o que aterrorizava as autoridades.
No ano de 1972, Mujica foi alvejado com seis tiros. Quase morto, conseguiu sobreviver devido à ajuda médica, mas muitas das balas ainda permaneceram em seu corpo. Depois disso, foi preso, dando início ao sofrimento mais longo de sua vida: os 12 anos de cárcere em péssimas condições.
A prisão acontecia um ano antes do golpe que daria início à violenta ditadura civil-militar uruguaia, uma das muitas que estavam assolando o continente latino-americano na época. O período autoritário perduraria de junho de 1973 até fevereiro de 1985.
Entre os 12 anos que permaneceu preso, 11 deles foram vividos na solitária. Pior do que permanecer preso em um local minúsculo era fazê-lo sozinho, incomunicável e com constantes provocações que tinham o intuito de enlouquece-lo. Tendo sua resistência testada, os guerrilheiros constantemente eram vítimas de maus tratos físicos e falta de alimento e água.
Foram nove os Tupamaros encarcerados junto com Mujica. No entanto, ele ficou mais próximo de dois: Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro. No futuro, depois da prisão, eles se tornariam, respectivamente, jornalista e dramaturgo e jornalista e escritor.
Estivemos presos em calabouços de um metro e oitenta por oitenta centímetros, embaixo da terra, onde não recebíamos água e tivemos que aprender a reciclar nossa própria urina", relatou Rosencof em entrevista ao Aventuras em 2021.
Durante esse período, o rebelde vivia sob uma enorme introspecção. Apontando que foram esses momentos que definiram quem ele era e afirma: "nada vale mais que a vida". Resistiu, e deixou a prisão em 1985, com o fim da democracia no país. Sob uma lei de anistia, Mujica foi perdoado de seus crimes ligados à guerrilha cometidos desde 1962.
Depois da liderança no Movimento de Libertação Nacional e 12 anos de prisão, inúmeros membros dos Tupamaros somaram-se a outras organizações de esquerda e formaram o Movimento de Participação Popular, que ou a fazer parte da coalizão da Frente Ampla. Mujica se tornaria uma das maiores referências dentro do grupo.
Foi deputado, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, senador e presidente. De guerrilheiro subversivo à presidente da República, sua trajetória inspirou a esquerda sul-americana — e mundial.
Depois do fim de seu mandato como líder máximo do país, permaneceu longe da política tradicional por pouco tempo, e foi eleito em outubro de 2019 como senador do Uruguai.