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Matérias / Personagem

De guerrilheiro subversivo a presidente da República: A trajetória de Pepe Mujica

Mundialmente conhecido pelas pautas progressistas de seu governo no Uruguai, Pepe Mujica faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos

Redação Publicado em 23/04/2020, às 16h36 - Atualizado em 13/05/2025, às 16h36

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O ex-presidente do Uruguai, José Mujica - Divulgação/Casa de América
O ex-presidente do Uruguai, José Mujica - Divulgação/Casa de América

Quando chegou à presidência do Uruguai, em 2010, José Alberto Mujica, que faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos, trouxe uma transformação considerada progressista ao país.

O casamento entre pessoas do mesmo gênero e o aborto foram aprovados, a maconha ou a ser regulamentada e vendida em farmácias e os direitos trabalhistas foram mais respeitados que nunca.

Conhecido por sua simplicidade, Mujica morava em uma chácara humilde na periferia de Montevidéu, era dono de um Fusca modelo 1982 e doava cerca de 90% do seu salário para organizações não governamentais (ONGs). 

Mujica, que desde o ano ado enfrentava o câncer de esôfago, anunciou em janeiro que a doença havia se espalhado por seu corpo. "Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso", declarou na época. 

Pepe Mujica - Getty Images

Há mais de duas décadas, Pepe Mujica sofria com uma doença imunológica que afeta seus rins e outras partes do corpo. O quadro vinha gerando complicações em seu tratamento. Relembre sua trajetória!

Começo

Nascido na capital uruguaia, no dia 21 de maio de 1935, Mujica era filho de Demetrio Mujica e Lucy Cordano. Seu pai era um pequeno agricultor da região e morreu quando ele ainda era criança. A relação com a terra, no entanto, marcou profundamente a vida do futuro presidente, que se tornou florista — profissão que exerceu durante toda sua trajetória.

Mas foi nos anos 1960 que começou a se envolver com política, juntando-se à guerrilha Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLNT). Inspirado na Revolução Cubana, que foi consumada em 1959, quase na mesma época, o grupo utilizou da força armada para exercer diversas ações no país.

Além de visarem o fim político da radicalidade cubana, apostavam nas guerrilhas e no uso de armas para conseguirem uma transformação política do Uruguai. Assaltos, sequestros e assassinatos faziam parte da conduta do grupo, que reunia, principalmente, socialistas, maoistas e anarquistas.

Realizando diversos assaltos, a maioria do dinheiro era destinada ao financiamento da organização e à distribuição de mantimentos entre os mais pobres das periferias urbana e rural da capital uruguaia. Durante muitos anos, os Tupamaros exerceram uma enorme influência na região — o que aterrorizava as autoridades.

A prisão

No ano de 1972, Mujica foi alvejado com seis tiros. Quase morto, conseguiu sobreviver devido à ajuda médica, mas muitas das balas ainda permaneceram em seu corpo. Depois disso, foi preso, dando início ao sofrimento mais longo de sua vida: os 12 anos de cárcere em péssimas condições.

A prisão acontecia um ano antes do golpe que daria início à violenta ditadura civil-militar uruguaia, uma das muitas que estavam assolando o continente latino-americano na época. O período autoritário perduraria de junho de 1973 até fevereiro de 1985.

Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio - Getty Images

Entre os 12 anos que permaneceu preso, 11 deles foram vividos na solitária. Pior do que permanecer preso em um local minúsculo era fazê-lo sozinho, incomunicável e com constantes provocações que tinham o intuito de enlouquece-lo. Tendo sua resistência testada, os guerrilheiros constantemente eram vítimas de maus tratos físicos e falta de alimento e água.

Foram nove os Tupamaros encarcerados junto com Mujica. No entanto, ele ficou mais próximo de dois: Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro. No futuro, depois da prisão, eles se tornariam, respectivamente, jornalista e dramaturgo e jornalista e escritor.

Estivemos presos em calabouços de um metro e oitenta por oitenta centímetros, embaixo da terra, onde não recebíamos água e tivemos que aprender a reciclar nossa própria urina", relatou Rosencof em entrevista ao Aventuras em 2021.

Durante esse período, o rebelde vivia sob uma enorme introspecção. Apontando que foram esses momentos que definiram quem ele era e afirma: "nada vale mais que a vida". Resistiu, e deixou a prisão em 1985, com o fim da democracia no país. Sob uma lei de anistia, Mujica foi perdoado de seus crimes ligados à guerrilha cometidos desde 1962.

E depois?

Depois da liderança no Movimento de Libertação Nacional e 12 anos de prisão, inúmeros membros dos Tupamaros somaram-se a outras organizações de esquerda e formaram o Movimento de Participação Popular, que ou a fazer parte da coalizão da Frente Ampla. Mujica se tornaria uma das maiores referências dentro do grupo.

Foi deputado, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, senador e presidente. De guerrilheiro subversivo à presidente da República, sua trajetória inspirou a esquerda sul-americana — e mundial.

Depois do fim de seu mandato como líder máximo do país, permaneceu longe da política tradicional por pouco tempo, e foi eleito em outubro de 2019 como senador do Uruguai.