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Durante séculos, o destino de Luís Carlos intrigou historiadores: teria o filho de Maria Antonieta realmente morrido na prisão em 1795?
Publicado em 21/05/2025, às 17h00 - Atualizado em 22/05/2025, às 18h45
O destino de Luís Carlos, o rei perdido da França, atravessou mais de dois séculos como um dos maiores mistérios da história sa. Ele, que era filho de Luís XVI e Maria Antonieta, era apenas uma criança quando seus pais foram executados, em 1793.
Mas, para compreender o caso, é preciso voltar para 1789, ano que marca o início da Revolução sa, isto é, quando o povo se revoltou contra os privilégios da nobreza, do clero e da monarquia.
Para tentar conter os protestos, Luís XVIconvocou uma assembleia com representantes dos três estados, mas os plebeus, insatisfeitos com a falta de representatividade, romperam e formaram a Assembleia Nacional a fim de elaborar uma Constituição para o país.
O gesto marcaria o início da Revolução e, pouco depois, em 14 de julho, a Queda da Bastilha simbolizaria o colapso do Antigo Regime. Naquele mesmo ano, o povo marcharia até o Palácio de Versalhes, forçando a mudança da família real para o Palácio das Tulherias.
Segundo a historiadora Deborah Cadbury, ao ver Maria Antonieta ameaçada pela multidão, o príncipe Luís Carlos, que tinha apenas quatro anos, teria se inclinado pela janela e gritado: "Perdoem minha mãe!" No ano de 1791, após uma tentativa de fuga frustrada, a família acabou sendo capturada.
Nesse ponto, o sistema feudal já havia sido abolido e a Igreja, colocada sob controle do Estado. Em 1792, a França se tornou uma república, e, gradualmente, grupos mais radicais aram a comandar os rumos da Revolução.
Em janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado. Em outubro daquele mesmo ano, seria a vez de Maria Antonieta. Já o pequeno Luís Carlos, então com 8 anos, foi deixado na Torre do Templo, onde viveu isolado e maltratado, sendo forçado a beber álcool, dizer obscenidades e cantar La Marseillaise, adotada como hino da República.
Em 1795, aos 10 anos, sua morte foi declarada — supostamente por causas naturais — e ele foi enterrado às pressas numa vala comum. O corpo, no entanto, nunca foi identificado com certeza, e logo surgiram dúvidas: teria o herdeiro do trono realmente morrido ali?
Rumores diziam que o verdadeiro delfim havia sido trocado por outra criança e escapado. De acordo com a BBC, durante décadas, surgiram dezenas — talvez mais de cem — homens que afirmavam ser o "rei perdido" da França. O mais notório deles foi Karl Wilhelm Naundorff, um relojoeiro prussiano que chegou a convencer pessoas próximas à família real de que era o verdadeiro Luís Carlos.
Essas histórias foram alimentadas pelo fato de que, durante a autópsia, o médico responsável retirou o coração de Luís Carlos com a intenção de entregá-lo aos remanescentes da dinastia Bourbon.
Esse pequeno órgão seria essencial para resolver o mistério, mas ele ou por várias mãos, foi roubado, esquecido e, só séculos depois, acabou depositado na Basílica de Saint-Denis, onde repousam os restos dos reis da França.
Alguns dos falsos delfins chegaram, inclusive, a enviar cartas a Maria Teresa da França, irmã de Luís Carlos e única entre os filhos de Luís XVI e Maria Antonieta a alcançar a idade adulta.
Nenhum deles, porém, conseguiu provar ser o verdadeiro herdeiro. Com o tempo, as alegações foram perdendo força, e o enigma sobre o destino de Luís Carlos acabou sendo esquecido.
No ano 2000, a ciência finalmente entrou em cena. O professor Jean-Jacques Cassiman, da Universidade de Leuven, liderou uma equipe que analisou o DNA do coração preservado. A tarefa foi complexa: o órgão estava ressecado, e os cientistas trabalharam com técnicas delicadas para evitar contaminações.
A segunda etapa da investigação envolveu encontrar amostras de DNA confiáveis de Maria Antonieta. A sorte ajudou: os pesquisadores descobriram um colar pertencente à mãe da rainha, Maria Teresa da Áustria. Nele, havia medalhões com fios de cabelo dos 16 filhos da imperatriz — entre eles, um de Maria Antonieta.
Além disso, encontraram descendentes vivos da linhagem materna de Maria Antonieta, como a então ex-rainha da Romênia.
O cruzamento do DNA do coração com essas amostras trouxe uma conclusão incontestável: o coração pertencia ao verdadeiro Luís Carlos. Isso quer dizer que ele, de fato, morreu na prisão, como afirmado em 1795.
Anos mais tarde, em 2004, o Ministério da Cultura da França autorizou um sepultamento simbólico do delfim na Basílica de Saint-Denis, encerrando-se assim o mito do rei perdido.