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Matérias / China

As incríveis artes chinesas que representam Jesus e Maria

Representações fascinantes de figuras como Jesus e a Virgem Maria resultaram da fusão entre tradições artísticas chinesas e influências ocidentais

por Giovanna Gomes
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Publicado em 20/05/2025, às 17h00 - Atualizado em 23/05/2025, às 18h35

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Detalhes de "A Última Ceia" de Chen Yuandu - Divulgação/Fundação Henry Luce/Universidade de Boston
Detalhes de "A Última Ceia" de Chen Yuandu - Divulgação/Fundação Henry Luce/Universidade de Boston

Quando Matteo Ricci, missionário jesuíta italiano, desembarcou na China em 1583, levou consigo não apenas a fé cristã, mas também a vontade de construir uma ponte entre Oriente e Ocidente.

Sua missão, para além da evangelização, envolvia o intercâmbio cultural, algo que o religioso entendeu ser essencial para dialogar com os valores profundamente enraizados da civilização chinesa.

Essa abordagem resultaria, com o ar dos séculos, em uma notável fusão entre a arte cristã ocidental e as tradições visuais chinesas, criando representações únicas e fascinantes de figuras como Jesus e a Virgem Maria.

Primeiros registros

O primeiro registro dessas imagens cristãs em solo chinês se deu graças a quatro pinturas religiosas levadas por Ricci, que chegaram às mãos do comerciante de tinta e fabricante de bolos Cheng Dayue. Este, impressionado pelas obras, incluiu reproduções comentadas no seu catálogo ilustrado "Jardim de Tinta da Família Cheng", publicado em 1605.

À esquerda, "Virgem Maria" em "Jardim de Tinta da Família Cheng", 1605; À direita: Uma ilustração de "Todas as imagens que retratam os feitos do Salvador", uma coleção de xilogravuras de Adolphe Vasseur (1828–1899) / Crédito: Divulgação

Segundo informações do portal Sixth Tone, o volume em questão entrou para a história como o primeiro a conter imagens de Jesus e Maria produzidas em território chinês. Era o início de um processo de localização das imagens sagradas, moldadas agora pelos traços, valores e simbologias da cultura chinesa.

Décadas mais tarde, outro missionário, Juliano Aleni, ampliaria esse diálogo ao publicar, em 1637, o livro "A Vida Ilustrada de Jesus", baseado nas imagens do jesuíta espanhol Jéronimo Nadal.

Aleni, diz a fonte, transformou gravuras europeias em xilogravuras no estilo chinês, mantendo traços ocidentais como olhos fundos, cabelos cacheados e narizes altos, mas adornando as figuras com vestimentas e elementos visuais chineses. Cada uma das 56 ilustrações do livro vinha acompanhada de descrições em chinês clássico, tornando as histórias bíblicas mais íveis ao público local.

"A Virgem e o Menino" e "O Nascimento de Jesus" de Chen Yuandu (1902-1967) / Crédito: Divulgação

Universidade Católica

No século 20, com o surgimento da República da China, artistas nacionais aram a se apropriar dessas imagens com ainda mais liberdade criativa. A fundação da Universidade Católica Fu Jen, em 1925, com o apoio do Papa Pio XI, tornou-se um polo artístico importante.

Ali lecionou Chen Yuandu (ou Luke Chen, como era conhecido), um dos pioneiros na aplicação das técnicas tradicionais de pincel e tinta da pintura chinesa para retratar cenas bíblicas.

Ele adaptou símbolos típicos, como a auréola sagrada, fundindo-a com elementos chineses, e explorou a proximidade entre a Virgem Maria e Guanyin, o bodhisattva da compaixão no budismo chinês — um paralelo cultural que favoreceu a aceitação popular da figura mariana.

Chen influenciou uma geração de artistas, entre eles Lu Hongnian, que retratou a Virgem com vestimentas tradicionais chinesas envolta por nuvens, e Wang Suda, conhecido por reinventar a "Última Ceia" com estética tipicamente chinesa, desde as roupas dos apóstolos até os utensílios sobre a mesa.

Em uma de suas obras mais marcantes, Wang representou Maria como uma imperatriz da dinastia Ming, com coroa de dragão e fênix, símbolos do poder supremo.

"A Última Ceia" e "O Retrato da Virgem Maria" de Wang Suda (1910-1963) / Crédito: Divulgação

Teatro e música

A criatividade não parou nas artes visuais. Representações de Jesus e Maria também foram adaptadas ao teatro e à música. Um exemplo é a ópera regional de Henan, que apresentou o nascimento de Jesus em Zhumadian, cidade chinesa, substituindo os presentes dos reis magos por carne, maçãs e macarrão.

Também vale destacar a canção "Jesus Baby", que narra de forma poética e bem-humorada o nascimento de Cristo em um contexto completamente chinês, com José preparando bolinhos e um lojista oferecendo chá de gengibre com açúcar mascavo para aquecer Maria.