Uma nova série de sepulturas não identificadas, contendo os restos de 14 pessoas da época da Guerra Civil Grega, foi descoberta no norte da Grécia
Luiza Lopes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 10/06/2025, às 10h11
Uma nova série de sepulturas não identificadas, contendo os restos de 14 pessoas da época da Guerra Civil Grega (1946–1949), foi descoberta em um parque de um subúrbio próximo à cidade de Salonica, no norte da Grécia, informaram as autoridades locais.
Assim como no agrupamento anterior de valas comuns escavadas neste ano em Neapolis-Sykies, os corpos pertencem a prisioneiros detidos em uma fortaleza bizantina próxima. Segundo o jornal americano CBS News, eram acusados de serem comunistas ou simpatizantes e foram executados entre 1946 e 1953.
O castelo Yedi Kule, também conhecido pelo nome grego Eptapyrgio ("Sete Torres"), funcionou como prisão onde opositores do regime foram torturados e executados durante o conflito e nos anos seguintes.
Estima-se que milhares tenham morrido nas mãos das forças governistas apoiadas pelo Ocidente, em um conflito marcado por esquadrões de extermínio, sequestros de crianças e deslocamentos em massa. Entre as vítimas do período está o jornalista norte-americano George Polk, da CBS News, assassinado após denunciar a corrupção do governo grego de direita.
As valas foram encontradas durante a reforma de um parque municipal, que incluía a instalação de novos bancos. Haris Charismiadis, engenheiro responsável pelo projeto, disse à Associated Press (AP) que os corpos estavam a pouca profundidade e misturados, atirados às pressas em um monte, com torsos e cabeças separados.
Objetos pessoais encontrados junto aos cadáveres, como o sapato de uma mulher, uma bolsa e um anel, oferecem vislumbres das vidas brutalmente interrompidas. Apesar de o serviço arqueológico nacional ter liberado o local para obras por considerar que os ossos têm menos de 100 anos, as autoridades optaram por prosseguir com a escavação, afirmando que o achado possui "grande importância histórica e nacional".
Charismiadis acredita que há mais restos humanos enterrados nas proximidades, possivelmente sob o asfalto das ruas ao redor, repercute O Globo. A reforma do parque, segundo o engenheiro, não é atualmente uma prioridade para o prefeito Simos Daniilidis.
Durante as execuções no Yedi Kule, as famílias muitas vezes não eram notificadas e não podiam recuperar os corpos. Algumas só descobriram o destino de seus entes queridos por meio da imprensa. Parentes dos executados vêm exigindo que sejam realizados testes de DNA para identificar os corpos encontrados. Os exames ainda não começaram.
Em comunicado divulgado no início do ano, a cidade afirmou que continuará os esforços para localizar outras valas comuns, "para que todos os esqueletos das pessoas que perderam a vida dessa forma durante os anos sombrios da Guerra Civil e que não receberam as honras tradicionalmente atribuídas aos mortos possam ser encontrados".
